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Desvendando o Aumento da População em Situação de Rua em Campinas
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Um Problema Multifacetado
A cidade de Campinas, localizada no interior paulista, enfrenta um desafio crescente relacionado ao número de pessoas vivendo em situação de rua. De acordo com um levantamento recente divulgado pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Assistência Social, a cidade registrou um total de 1.300 indivíduos nessas condições, além de 257 pessoas em situação de acolhimento institucional.
Esse cenário representa um aumento significativo em relação ao último censo realizado em 2021, quando foram contabilizadas oficialmente 932 pessoas em situação de rua. No entanto, é importante ressaltar que essa população é flutuante e sua mensuração precisa sempre constitui um desafio.
A questão da população em situação de rua é um problema social grave, com impactos humanitários, de saúde e econômicos. A maior parte dessas pessoas se concentra e circula pela região central de Campinas, o que torna a situação ainda mais visível e urgente.
Uma Divergência nos Números
Curiosamente, o número identificado pela Prefeitura de Campinas é 44% menor do que o divulgado pelo Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania em julho do ano passado. De acordo com os dados federais, a cidade abrigaria 2.324 pessoas em situação de rua, uma discrepância significativa em relação aos 1.300 indivíduos contabilizados pela administração municipal.
Essa divergência nos números encontra explicação nas diferentes metodologias empregadas. Enquanto o levantamento municipal se baseia em uma abordagem direta, com equipes realizando trabalho de campo e interagindo pessoalmente com a população em situação de rua por meio de questionários, a abordagem federal é autodeclaratória e cumulativa.
O sistema federal contabiliza indivíduos que, embora registrados no Cadastro Único em Campinas, podem não residir mais no município devido à natureza migratória desse grupo. Além disso, os registros permanecem no sistema até a renovação, que ocorre a cada dois anos, não acompanhando assim as mudanças dinâmicas na população em situação de rua.
Fatores Contribuintes
De acordo com Vandecleya Moro, secretária municipal de Desenvolvimento e Assistência Social, o fenômeno do aumento do número de pessoas em situação de rua é um drama nacional e uma realidade preocupante. Ela afirma que a condição de viver nas ruas é resultado de um emaranhado de fatores econômicos, sociais e de saúde, que se interconectam e reforçam mutuamente.
No entanto, a crise econômica e a pandemia foram fatores extras que contribuíram de modo expressivo para o agravamento das condições de vida dessas pessoas. A perda de empregos, a redução de renda e o aumento da vulnerabilidade social são algumas das consequências diretas desses eventos.
Perfil da População em Situação de Rua
O censo realizado pela Prefeitura de Campinas revelou dados interessantes sobre o perfil da população em situação de rua. De acordo com os números, 81,1% (1.261) são homens, 18% (280) são mulheres e 0,8% (16) não se identificaram com nenhum gênero.
A maioria, 37,3%, está na faixa etária de 25 a 36 anos, seguidos pelos de 37 a 48 anos (35,6%). Além disso, 18% estão entre 49 e 60 anos, 5% entre 18 e 24 anos e 3,6% têm mais de 60 anos.
Em relação à etnia, 38,8% se declararam pardos, 29,4% brancos, 29% pretos e 1,9% não se identificaram com nenhuma etnia. Ademais, 0,4% se declararam amarelos e 0,2% indígenas.
Ações e Políticas Públicas
Diante desse cenário desafiador, a Prefeitura de Campinas mantém uma série de políticas públicas e ações voltadas para a atenção e o suporte da população em situação de rua. Essas iniciativas abrangem desde serviços de abordagem social e distribuição de itens básicos até programas de qualificação profissional, reinserção social e acolhimento temporário.
Algumas das principais ações incluem o SOS Rua, a Operação Inverno, o Mão Amiga, o Bagageiro Municipal, a Operação ‘Amigos no trecho’, a distribuição de refeições, o programa de recâmbio, a Operação Retorno, os Centros POP Sares, as casas de passagem, os abrigos e albergues, o Consultório na Rua, o Programa Recomeço, ações conjuntas SOS Rua – Consultório de rua, o combate ao trabalho infantil, a Casa da Gestante e o projeto Caminhos para o Futuro.
Operação Retorno: Um Enfoque Adicional
Em 6 de maio deste ano, Campinas deu início à Operação Retorno, uma iniciativa que visa responsabilizar prefeituras que remetam, de modo injustificado, pessoas em situação de rua para o município. Outra meta dessa operação é intensificar os esforços para restabelecer os laços entre essas pessoas e seus familiares.
No âmbito do recâmbio humanizado de pessoas em situação de rua, a Prefeitura encaminhou, neste ano, 173 pessoas de volta às suas casas, enquanto em 2023, foram 291 indivíduos.
Ações Preventivas e Cooperação Interinstitucional
Além das políticas públicas voltadas diretamente à população em situação de rua, a Prefeitura de Campinas atua em conjunto com forças de segurança, especificamente por meio de ações conjuntas da Guarda Municipal (GM) com a Polícia Militar (PM), para combater o tráfico de drogas na cidade.
Essa cooperação visa promover ações preventivas com o objetivo de diminuir a oferta e o consumo de drogas ilícitas, contribuindo para a redução da dependência química e de problemas associados entre a população em situação de rua e outros grupos vulneráveis.
Compreensão Aprimorada e Medidas Assertivas
De acordo com Vandecleya Moro, secretária municipal de Desenvolvimento e Assistência Social, esse novo levantamento é fundamental para aprimorar as ações do poder público.
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