Notícias
Como o Climatério e a Menopausa Estão Redefinindo a Saúde Feminina no Brasil – E Por Que Todas Precisam Falar Sobre Isso
O Silêncio Que Machuca: A História Não Contada de 30 Milhões de Brasileiras
Imagine uma fase da vida que afeta mais de 30 milhões de mulheres no Brasil, mas ainda é cercada por silêncio, tabus e falta de informações claras. Esse é o cenário do climatério e da menopausa, duas etapas fundamentais da saúde feminina que continuam sendo negligenciadas tanto pelo sistema de saúde quanto pela sociedade em geral.
De acordo com dados da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo, 2024), apenas pouco mais de 238 mil diagnósticos relacionados ao climatério foram registrados pelo SUS (Sistema Único de Saúde). O número alarmante revela um problema maior: a invisibilidade dessas condições para muitas mulheres e profissionais de saúde.
Mas por que isso acontece? E como podemos mudar essa realidade?
O Que É o Climatério e Por Que Ele Importa?
Antes de falarmos sobre a menopausa, é fundamental entender o climatério – a fase de transição que antecede esse marco na vida feminina. Segundo especialistas, o climatério pode durar até 10 anos antes da menopausa, marcado por oscilações hormonais que impactam profundamente o corpo e a mente.
A nutricionista Lica Stefani, especialista em saúde feminina e menopausa, explica que a idade média da menopausa natural no Brasil é de 51,2 anos. No entanto, os primeiros sinais do climatério podem aparecer já aos 40 anos. Esses sintomas incluem alterações menstruais, ondas de calor, insônia, ganho de peso e mudanças emocionais.
Hormônios em Queda Livre: Como o Estrogênio Molda Nosso Corpo
Se o corpo feminino fosse uma orquestra, o estrogênio seria o maestro. Durante o climatério e a menopausa, a queda gradual desse hormônio desencadeia uma série de mudanças físicas e emocionais. Uma das mais notáveis é a redistribuição de gordura corporal.
“Antes, a gordura tende a se concentrar nos quadris e coxas. Após a queda do estrogênio, ela migra para a região abdominal”, explica Lica Stefani. Esse fenômeno não apenas altera a aparência física, mas também aumenta o risco de doenças cardiovasculares e metabólicas.
Por Que Engordamos Tanto Durante o Climatério?
O ganho de peso durante o climatério e a menopausa não é apenas uma questão de estética – é uma resposta fisiológica complexa. Além da queda do estrogênio, outros fatores contribuem para esse processo:
– Redução do metabolismo basal: Com o envelhecimento, o corpo queima menos calorias em repouso.
– Mudanças musculares: A perda de massa muscular reduz ainda mais a capacidade de queimar gordura.
– Estresse e sono prejudicado: Insônia e ansiedade frequentes nessa fase podem levar ao aumento do cortisol, hormônio associado ao acúmulo de gordura abdominal.
Esses fatores combinados tornam o controle de peso um desafio ainda maior para as mulheres.
Os Sintomas Emocionais Que Ninguém Vê
Não são apenas os sintomas físicos que merecem atenção. A menopausa e o climatério também têm um impacto significativo na saúde mental. Muitas mulheres relatam sentir-se esgotadas, irritadas ou até mesmo deprimidas durante essa fase.
Por que isso acontece? A resposta está novamente ligada aos hormônios. A diminuição do estrogênio afeta diretamente o funcionamento do cérebro, influenciando neurotransmissores como a serotonina e a dopamina. Essas substâncias são responsáveis por regular o humor, o sono e o bem-estar geral.
Como o Sistema de Saúde Falha Nessa Fase?
Embora mais de 30 milhões de brasileiras estejam vivendo o climatério ou a menopausa, poucas recebem orientação adequada. A falta de diagnósticos e tratamentos acessíveis reflete um problema estrutural no sistema de saúde.
“Muitas mulheres chegam ao consultório sem saber o que está acontecendo com seus corpos”, relata Dra. Mariana Costa, ginecologista especializada em menopausa. “Elas sentem os sintomas, mas não sabem que estão relacionados ao climatério.”
Tratamentos Disponíveis: Há Luz no Fim do Túnel?
Felizmente, existem opções de tratamento para aliviar os sintomas do climatério e da menopausa. Entre elas, destacam-se:
– Terapia hormonal: Considerada a abordagem mais eficaz para controlar sintomas como ondas de calor e insônia.
– Nutrição personalizada: Uma dieta rica em nutrientes específicos pode ajudar a equilibrar hormônios e prevenir o ganho de peso.
– Atividade física regular: Exercícios de força e cardio são aliados poderosos para manter a saúde metabólica e mental.
Cada mulher é única, e o tratamento deve ser adaptado às suas necessidades individuais.
Alimentos Que Podem Ser Seus Aliados
A alimentação desempenha um papel crucial no manejo dos sintomas do climatério e da menopausa. Alguns alimentos podem ajudar a equilibrar os hormônios e melhorar a qualidade de vida:
– Soja e derivados: Ricos em fitoestrogênios, compostos que mimetizam o estrogênio no corpo.
– Ômega-3: Encontrado em peixes como salmão e sardinha, ajuda a combater inflamações.
– Fibras: Presentes em frutas, legumes e grãos integrais, auxiliam no controle do peso e na saúde intestinal.
Incorporar esses alimentos à dieta pode fazer uma diferença significativa.
Exercício Físico: Um Remédio Natural Para o Climatério
Se há uma forma gratuita e acessível de enfrentar os desafios dessa fase, é o exercício físico. Atividades como caminhada, ioga e musculação não apenas ajudam a manter o peso sob controle, mas também melhoram o humor e a qualidade do sono.
“O movimento é uma ferramenta poderosa para gerenciar os sintomas do climatério”, afirma a educadora física Paula Oliveira. “Ele fortalece o corpo e a mente.”
Tabus e Mitos: Chegou a Hora de Quebrá-los
Ainda hoje, muitas mulheres enfrentam tabus ao falar sobre a menopausa. Algumas sentem vergonha de admitir que estão passando por essa fase, enquanto outras acreditam que os sintomas são inevitáveis e devem ser ignorados.
Mas por que aceitar o desconforto quando há soluções disponíveis? É hora de normalizar a conversa e empoderar as mulheres com informações confiáveis.
O Papel da Educação na Saúde Feminina
Para mudar essa realidade, é essencial investir em educação. Campanhas de conscientização, workshops e materiais informativos podem ajudar as mulheres a identificar os sinais do climatério e buscar ajuda precoce.
“A informação é o primeiro passo para o autocuidado”, enfatiza Lica Stefani. “Quando as mulheres entendem o que está acontecendo com seus corpos, elas se sentem mais seguras para tomar decisões.”
Um Futuro Melhor Para Todas
A boa notícia é que estamos avançando. Cada vez mais profissionais de saúde estão se especializando em saúde feminina, e iniciativas como a Febrasgo estão trabalhando para ampliar o acesso a diagnósticos e tratamentos.
No entanto, ainda há muito trabalho a ser feito. É responsabilidade de todos nós – mulheres, profissionais de saúde e sociedade – quebrar o silêncio e garantir que todas as mulheres tenham o suporte necessário para viver essa fase com dignidade e qualidade de vida.
Conclusão: A Força Está em Nossas Mãos
O climatério e a menopausa não precisam ser temidos. Com conhecimento, cuidado e apoio, é possível transformar essas fases em oportunidades para redescobrir o corpo e celebrar a força feminina. Chegou a hora de parar de esconder e começar a falar – porque juntas, somos mais fortes.
Perguntas Frequentes (FAQs)
1. Qual é a diferença entre climatério e menopausa?
O climatério é a fase de transição que antecede a menopausa, caracterizada por oscilações hormonais e sintomas como ondas de calor e alterações menstruais. A menopausa, por sua vez, ocorre quando a mulher completa 12 meses sem menstruar.
2. Quais são os sintomas mais comuns do climatério?
Os sintomas incluem ondas de calor, insônia, alterações de humor, ganho de peso e mudanças no ciclo menstrual.
3. A terapia hormonal é segura?
Sim, desde que prescrita e monitorada por um profissional de saúde. Ela é considerada uma das formas mais eficazes de aliviar os sintomas do climatério.
4. Como a alimentação pode ajudar nessa fase?
Uma dieta rica em nutrientes como ômega-3, fitoestrogênios e fibras pode ajudar a equilibrar hormônios e prevenir o ganho de peso.
5. Quando devo procurar um médico?
É recomendável procurar um médico assim que os primeiros sintomas surgirem, especialmente se eles estiverem afetando sua qualidade de vida.
Para informações adicionais, acesse o site