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Bebês Reborn: A Nova Fronteira da Maternidade Simulada ou Um Hobby Inofensivo?
Nos últimos meses, uma polêmica silenciosa ganhou espaço nas redes sociais e até mesmo no Congresso Nacional. Não se trata de um escândalo político ou uma crise econômica, mas sim de algo inusitado: os bebês reborn, bonecas hiper-realistas que imitam recém-nascidos em detalhes impressionantes. Esses brinquedos, que já eram conhecidos como uma espécie de “hobby” para colecionadores, agora estão no centro de um debate acalorado sobre limites, sanidade e direitos. Será que estamos diante de uma nova forma de expressão ou de um fenômeno preocupante?
O Que São Bebês Reborn?
Uma Obra de Arte ou um Brinquedo?
Os bebês reborn são bonecas feitas à mão com o objetivo de parecerem recém-nascidos reais. Elas possuem características extremamente detalhadas, como veias aparentes, cabelos implantados fio a fio, corpos macios e até cheiro de bebê. Fabricadas por artistas especializados, essas bonecas podem custar desde algumas centenas até milhares de reais.
Para muitos, os reborns são mais do que simples brinquedos; são obras de arte que proporcionam conforto emocional. Para outros, no entanto, elas representam um comportamento questionável que pode cruzar fronteiras perigosas.
O Apelo Emocional Por Trás das Bonecas
Daniela Baccan, sócia da Alana Babys, loja especializada na fabricação de bebês reborn em Campinas (SP), explica que a maioria dos clientes compra as bonecas por motivos emocionais. “Muitas pessoas que adquirem os reborns são mães que perderam filhos, mulheres que não podem ter filhos ou até mesmo idosos que buscam um propósito emocional”, conta ela.
Mas será que essa busca por conforto pode se transformar em algo mais complicado? Especialistas divergem sobre o impacto psicológico dessas bonecas.
A Polêmica Nas Redes Sociais
Quando o Mundo Virtual Decide Julgar
Vídeos publicados no TikTok, Instagram e X mostram adultos tratando os reborns como crianças de verdade. Há registros de pessoas levando as bonecas para consultas médicas, dando mamadeira, trocando fraldas e até tentando usar assentos e filas preferenciais.
Esses vídeos dividiram opiniões. De um lado, há quem critique duramente essas atitudes, questionando a sanidade de quem trata bonecas como seres humanos. Do outro, há defensores que argumentam que é apenas um hobby inofensivo. “Se tem homem de 40 anos vestindo camiseta do Superman e colecionando action figures, tá mais do que liberado brincar de boneca”, escreveu um usuário do X.
O Debate Sobre Machismo e Duplos Padrões
Uma parte significativa das críticas parece vir de um viés machista. Enquanto hobbies como colecionar figuras de ação ou jogar videogames são amplamente aceitos quando praticados por homens, atividades associadas ao universo feminino, como cuidar de bonecas, costumam ser vistas com desconfiança. Por que essa diferença existe? Será que o preconceito está moldando nossa visão sobre os reborns?
A Chegada ao Congresso Nacional
Quando o Hobby Vira Lei
A polêmica ganhou tamanha proporção que chegou ao Congresso Nacional. Na última quinta-feira, 15 de maio de 2025, foi apresentado um projeto de lei que prevê multa de até 20 salários mínimos para quem tentar obter benefícios, prioridades ou atendimentos reservados a bebês de colo utilizando reborns.
O texto ainda precisa ser discutido e aprovado pela Câmara dos Deputados e pelo Senado antes de seguir para sanção ou veto presidencial. Mas a pergunta que fica é: será que uma legislação é realmente necessária para regular algo que parece ser mais uma questão de bom senso?
Entre a Realidade e a Encenação
Fato ou Ficção?
Até o momento, não há comprovações concretas de que casos como tentativas de atendimento no SUS ou uso de filas preferenciais com reborns sejam reais. Muitos especialistas sugerem que essas histórias podem ser exageros ou encenações criadas para viralizar nas redes sociais.
Mas, mesmo que sejam fictícios, esses relatos alimentam o debate e geram questionamentos importantes. Até onde vai o limite entre liberdade individual e responsabilidade social?
Os Benefícios Psicológicos dos Bebês Reborn
Mais do Que Um Brinquedo
Embora a polêmica tenha tomado proporções gigantescas, é importante lembrar que muitas pessoas encontram nos reborns uma forma de lidar com traumas, perdas ou sentimentos de solidão. Estudos preliminares sugerem que interagir com bonecas realistas pode ajudar a reduzir a ansiedade e proporcionar conforto emocional.
Para algumas mães que sofreram abortos ou perdas neonatais, os reborns funcionam como uma espécie de terapia. “Elas me dizem que segurar a boneca ajuda a aliviar a dor e manter viva a memória do filho que não puderam ter”, explica Daniela Baccan.
Os Riscos Potenciais
Quando o Hobby Sai do Controle
Por outro lado, especialistas alertam para os possíveis riscos de confundir fantasia com realidade. “Se uma pessoa começa a tratar uma boneca como se fosse um ser humano, isso pode indicar problemas psicológicos mais profundos, como transtornos dissociativos ou dificuldades de adaptação à vida real”, afirma a psicóloga Maria Clara Silva.
Além disso, há preocupações sobre o impacto social. Se alguém utiliza os reborns para enganar outras pessoas ou obter vantagens indevidas, isso pode gerar conflitos éticos e legais.
O Papel das Redes Sociais
Amplificando Tendências e Criando Narrativas
As redes sociais têm um papel crucial nesse fenômeno. Plataformas como TikTok e Instagram transformaram os reborns em tendências virais, amplificando tanto o fascínio quanto as críticas. Mas será que elas estão ajudando ou prejudicando o debate?
Enquanto alguns usuários usam as plataformas para compartilhar suas experiências positivas com os reborns, outros exploram o sensacionalismo para ganhar likes e seguidores. Isso cria uma narrativa polarizada que nem sempre reflete a realidade.
Conclusão: Um Reflexo da Nossa Sociedade
Os bebês reborn são muito mais do que bonecas hiper-realistas. Eles são um reflexo das complexidades da nossa sociedade moderna, onde questões como saúde mental, liberdade individual e responsabilidade social se entrelaçam de maneira cada vez mais intrincada.
Independentemente de como você se posiciona nesse debate, uma coisa é certa: os reborns continuam a capturar nossa atenção e a nos fazer refletir sobre os limites do que consideramos aceitável. Talvez a verdadeira pergunta não seja “o que é certo ou errado”, mas sim “até onde devemos respeitar as escolhas uns dos outros?”
Perguntas Frequentes (FAQs)
Quem Costuma Comprar Bebês Reborn?
Os compradores de reborns são geralmente mães que perderam filhos, mulheres que não podem ter filhos, colecionadores ou idosos que buscam conforto emocional.
Os Bebês Reborn Podem Causar Problemas Psicológicos?
Embora muitas pessoas usem os reborns de forma saudável, especialistas alertam que confundir a boneca com um ser humano pode indicar problemas psicológicos subjacentes.
É Legal Tentar Usar Benefícios Reservados a Bebês com Reborns?
Não. Além de ser antiético, pode ser ilegal dependendo da legislação local. No Brasil, um projeto de lei propõe multas para quem tentar obter vantagens usando reborns.
Os Vídeos de Reborns nas Redes Sociais São Reais?
Nem sempre. Muitos vídeos podem ser encenações criadas para viralizar. No entanto, eles contribuem para alimentar o debate público.
Existem Alternativas Terapêuticas aos Bebês Reborn?
Sim. Terapias tradicionais, grupos de apoio e outras formas de expressão artística podem oferecer conforto emocional sem os riscos associados ao uso de reborns.
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