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A Unicamp Toma um Rumo Histórico: Rompimento com Instituto Israelense Ecoa como Um Grito por Justiça em Gaza
Em um momento carregado de simbolismo político e ético, a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) deu um passo que reverberará muito além dos muros acadêmicos. No dia 30 de setembro de 2025, durante uma sessão tensa e emocionada do Conselho Universitário (Consu), o reitor da instituição anunciou a rescisão unilateral do convênio com o Technion — o prestigiado Instituto Tecnológico de Israel. A decisão, motivada pela condenação explícita às ações militares israelenses em Gaza, não apenas rompe laços científicos, mas reafirma um compromisso moral com os direitos humanos. Mas o que levou uma das universidades mais respeitadas da América Latina a tomar uma medida tão contundente? E qual o peso dessa escolha no cenário global?
Por Que a Unicamp Decidiu Romper com o Technion?
A resposta não reside apenas em declarações diplomáticas ou em pressões externas. Ela nasce de um clamor interno — de estudantes acampados diante da Reitoria, de professores que há meses exigem posicionamento institucional, e de uma comunidade acadêmica cada vez mais consciente de seu papel como agente transformador. O reitor, em seu pronunciamento, foi claro: “A escalada das ações israelenses contra a população palestina transformou-se em uma constante inaceitável de violações de direitos humanos e da dignidade humana.”
Esse não é um rompimento técnico, mas ético. O convênio com o Technion, embora voltado à cooperação acadêmica e científica, passou a ser visto como uma forma implícita de legitimar um Estado acusado por organizações internacionais de cometer crimes de guerra. Ao cortar esse laço, a Unicamp não apenas se alinha a outras universidades globais, mas assume uma postura de responsabilidade histórica.
O Convênio Que Existia: O Que Estava em Jogo?
Antes do rompimento, o acordo entre Unicamp e Technion permitia intercâmbios de estudantes e docentes, pesquisas conjuntas em áreas como engenharia, ciência da computação e biotecnologia, além do reconhecimento mútuo de créditos acadêmicos. Em termos práticos, era uma ponte entre dois polos de inovação. Mas pontes, por mais sólidas que sejam, podem carregar o peso de contradições morais.
A pergunta que se impõe é: até que ponto a ciência pode ser neutra diante da injustiça? Muitos argumentam que o conhecimento deve transcender fronteiras políticas. Outros, como a Unicamp agora, defendem que a ciência, quando associada a regimes acusados de genocídio, perde sua neutralidade e se torna cúmplice silenciosa.
Gaza Como Ponto de Virada: O Grito da Comunidade Acadêmica
O acampamento estudantil em frente à Reitoria não foi um ato isolado. Faz parte de um movimento global que ganhou força desde outubro de 2023, quando a ofensiva israelense em Gaza se intensificou. Em universidades dos Estados Unidos, Europa e agora no Brasil, jovens e professores têm exigido que suas instituições deixem de manter vínculos com entidades ligadas ao Estado israelense.
Na Unicamp, a pressão foi constante. Reuniões de fóruns acadêmicos, moções de repúdio aprovadas por faculdades inteiras e manifestações pacíficas criaram um clima de urgência ética. A diretora da Faculdade de Educação, Débora Jefrey, destacou que a unidade já havia se posicionado formalmente contra o que classificou como “genocídio em curso”. Essa não era uma opinião marginal — era o eco de uma consciência coletiva em despertar.
A Dimensão Política do Rompimento
Mais do que um ato simbólico, a decisão da Unicamp tem implicações políticas profundas. O Brasil, sob o atual governo, já manifestou repetidamente sua condenação às ações militares israelenses. Ao romper com o Technion, a universidade reforça essa postura nacional, mas vai além: assume um protagonismo internacional.
Enquanto governos hesitam em impor sanções reais, instituições acadêmicas estão se tornando verdadeiros tribunais morais do século XXI. A Unicamp entra nesse coro ao lado de universidades como Harvard, Columbia e a Sorbonne — todas as quais, em diferentes graus, cortaram ou congelaram parcerias com instituições israelenses.
Quem é o Technion — e Por Que Ele Importa?
Fundado em 1912, o Technion é frequentemente chamado de “MIT de Israel”. É uma das instituições mais prestigiadas do mundo em engenharia e tecnologia, responsável por inovações que vão desde sistemas de irrigação até algoritmos de inteligência artificial usados em defesa nacional. Muitos de seus pesquisadores colaboram diretamente com o exército israelense.
Essa proximidade entre academia e indústria bélica é o cerne da controvérsia. Para críticos, o Technion não é apenas uma universidade — é um braço intelectual do aparato militar israelense. Romper com ele, portanto, é negar apoio indireto a uma máquina de guerra.
O Conceito de “Genocídio”: Uma Palavra Carregada de Peso Histórico
O reitor da Unicamp não escolheu suas palavras ao acaso. Ao usar o termo “genocídio”, ele invoca uma definição jurídica precisa, estabelecida pela Convenção de Genebra de 1948: atos cometidos com a intenção de destruir, no todo ou em parte, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso.
Organizações como a Anistia Internacional e a Human Rights Watch já usaram essa classificação em relação às ações em Gaza
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