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O Amor que Não Cabe na Moldura: Por Que Alguns Corações São Condenados ao Silêncio?
Em um mundo que celebra o amor como universal, por que tantos amores ainda precisam se esconder? Enquanto corações batem em sincronia nas telas de cinema e nas prateleiras de livros best-sellers, outros pulsam em segredo — ou simplesmente são apagados da narrativa coletiva. Nesta quinta-feira (9), às 19h, o Café Filosófico CPFL convida o público a mergulhar nessa contradição dolorosa com a poeta, compositora e cantora Tatiana Nascimento, em uma palestra intitulada “A exclusão do amor”. Mais do que um encontro, é um chamado urgente para repensar quem tem o direito de amar — e ser amado — em pleno século XXI.
Sob a curadoria da psicanalista Viviane Mosé, o módulo “A sociedade da exclusão” não apenas observa as margens da sociedade, mas as coloca no centro do debate. E Tatiana, com sua voz lírica e seu olhar crítico, traz à tona perguntas que incomodam: *Pessoas pretas têm tido direito ao amor? Pessoas gordas têm tido direito ao amor? Os rios, as florestas, a água dos oceanos têm tido direito ao amor?*
Se o amor é mais semântico que romântico — se ele se manifesta como cuidado, diálogo e presença —, então por que ele é distribuído de forma tão desigual?
O Amor Como Privilégio: Quando o Afeto Vira Exceção
Durante séculos, o amor foi retratado como uma força cega, imparcial, que tudo vence. Mas basta olhar com atenção para perceber que, na prática, ele segue regras rígidas — e muitas delas são invisíveis. O amor hegemônico, aquele que aparece nas novelas, nos comerciais e nas políticas públicas, é branco, magro, heterossexual, cisgênero e produtivo. Qualquer desvio dessa norma é tratado como marginal, anormal ou até perigoso.
Tatiana Nascimento desafia essa lógica ao lembrar que amar não é um ato neutro. É um ato político. Quando uma mulher negra se apaixona, ela não apenas ama — ela resiste. Quando um corpo gordo se permite desejar e ser desejado, ele desafia décadas de estigmatização. E quando alguém estende o conceito de amor à natureza, está questionando a lógica predatória do capitalismo moderno.
Quem Foi Privado de Amar? Uma História de Silenciamentos
A exclusão do amor não é um fenômeno novo. É antiga como as estruturas de poder que moldam nossas sociedades. Durante a escravidão, por exemplo, relações afetivas entre pessoas escravizadas eram frequentemente interrompidas, negadas ou instrumentalizadas. O amor era um luxo que o sistema não permitia — ou, pior, permitia apenas sob controle.
No século XX, a psiquiatria classificou homossexualidade como doença mental. Casais do mesmo sexo eram separados, internados, “curados”. O amor entre iguais era visto como desvio, não como afeto legítimo. E mesmo hoje, apesar dos avanços legais, quantos casais LGBTQIA+ ainda precisam esconder seus relacionamentos no trabalho, na família ou na rua?
Corpos Fora do Padrão: O Direito de Ser Desejado
Uma das questões mais urgentes levantadas por Tatiana é a exclusão afetiva de corpos considerados “fora do padrão”. Pessoas gordas, deficientes, idosas ou racializadas frequentemente são representadas como assexuadas, indesejáveis ou até repulsivas. Essa desumanização tem consequências reais: solidão crônica, baixa autoestima, depressão.
Mas o que acontece quando esses corpos se recusam a aceitar essa sentença? Quando uma mulher gorda se veste com sensualidade? Quando um homem negro declara seu amor em público? Quando uma pessoa com deficiência exige ser vista como sujeito de desejo, e não de pena?
Esses atos são revolucionários. Porque, no fundo, amar é um ato de pertencimento — e pertencer é um direito negado a muitos.
O Amor Não é Só Entre Pessoas: A Natureza Também Precisa de Afeto
Talvez a proposta mais surpreendente de Tatiana seja estender o conceito de amor para além do humano. E se os rios também merecessem ser amados? E se as florestas tivessem direito a cuidado, respeito e proteção — não por sua utilidade econômica, mas por sua existência intrínseca?
Essa ideia ecoa filosofias indígenas e cosmovisões ancestrais, onde a natureza não é recurso, mas parente. Em contraste, a modernidade ocidental construiu uma relação predatória com o planeta, baseada na exploração e no descarte. Não amamos a Terra — apenas a usamos.
Ao questionar “os oceanos têm tido direito ao amor?”, Tatiana nos convida a repensar nossa ética ambiental. Porque cuidar do planeta não é só uma questão de sobrevivência, mas de afeto. De reverência. De amor.
A Semântica do Amor: Cuidado Como Forma de Resistência
Tatiana propõe uma definição radical: o amor é mais semântico que romântico. Ou seja, ele se manifesta menos em declarações poéticas e mais em atos concretos — escutar, acolher, proteger, respeitar. Nessa perspectiva, o amor não é um sentimento isolado, mas uma prática coletiva.
Isso muda tudo. Porque, se o amor é cuidado, então quem cuida também ama. Quem planta uma árvore, quem defende um território indígena, quem acolhe uma criança trans — todos esses são atos de amor. E, portanto, todos esses sujeitos estão exercendo um direito que lhes é frequentemente negado.
A Sociedade da Exclusão: Um Projeto de Morte Afetiva
O módulo “A sociedade da exclusão”, curado por Viviane Mosé, não é um acaso. Vivemos em uma era marcada por polarizações, individualismo e indiferença. A exclusão não é um erro do sistema — é seu mecanismo central. Ela opera por meio de leis, discursos, imagens e até silêncios.
E o que é mais cruel? A exclusão do amor é uma forma de morte simbólica. Quando alguém é negado o direito de amar ou ser amado, é como se sua humanidade fosse posta em dúvida. É como se dissessem: “Você não merece pertencer”.
Por Que o Amor Normativo é Tão Poderoso?
O amor hegemônico funciona como uma espécie de “padrão-ouro” emocional. Ele é reforçado pela mídia, pela educação, pela religião e até pela linguagem. Frases como “casamento é entre homem e mulher” ou “beleza atrai” não são inocentes — são dispositivos de exclusão disfarçados de senso comum.
Esse amor normativo é confortável porque não exige mudança. Ele mantém as hierarquias intactas. Mas o amor verdadeiro — aquele que Tatiana evoca — é incômodo. Ele exige que olhemos para quem foi deixado de lado. Que questionemos nossos próprios preconceitos. Que ampliemos nosso coração.
Tatiana Nascimento: A Arte Como Ponte para o Amor Proibido
Como poeta e cantora, Tatiana transforma a dor da exclusão em beleza. Suas letras não apenas denunciam, mas curam. Ela canta o amor que não coube nos manuais, que não foi abençoado pelas instituições, que foi forçado a se esconder — mas que persiste.
Sua presença no Café Filosófico não é casual. A arte, nesse contexto, é um ato de memória e de futuro. Ela dá nome ao que foi silenciado. Ela cria mundos onde todos os amores cabem.
O Papel da Psicanálise na Desconstrução do Amor Excludente
Viviane Mosé, ao curar este módulo, traz a psicanálise como ferramenta de análise crítica. Afinal, nossos desejos não nascem do nada — são moldados por traumas coletivos, por discursos internalizados, por feridas históricas.
A psicanálise, nesse sentido, pode ajudar a desmontar a ideia de que há apenas um “jeito certo” de amar. Ela nos convida a escutar os desejos proibidos, os amores recalcados, os afetos que não tiveram espaço para florescer.
O Futuro do Amor: Para Além da Exclusão
O que virá depois da exclusão? Tatiana não oferece respostas fáceis, mas abre caminhos. Um futuro onde o amor não seja um privilégio, mas um direito universal. Onde corpos diversos possam amar sem medo. Onde a natureza seja tratada com reverência, não com ganância.
Esse futuro exige coragem. Exige que abandonemos a ilusão de que o amor é natural e espontâneo — e passemos a vê-lo como algo que deve ser construído, protegido e democratizado.
O Café Filosófico Como Espaço de Resistência Afetiva
Realizado na sede do Instituto CPFL, em Campinas, e transmitido ao vivo pelo YouTube, o Café Filosófico se torna mais do que um evento cultural — é um ato de resistência afetiva. Nele, o pensamento crítico se encontra com a poesia, a filosofia com a música, a teoria com a vida.
Participar desse encontro é escolher não aceitar o silêncio. É dizer: “Meu amor também existe. Meu cuidado também conta.”
Outubro: Um Mês para Repensar a Exclusão
O módulo continua com outras vozes essenciais. No dia 16, Sara Wagner York discute “A exclusão dos corpos atípicos”, abordando as violências contra corpos dissidentes. Em 23, Yan Menezes Oliveira fala sobre **“A exclusão dos afetos”**, analisando como a racionalidade moderna reprime a diversidade emocional. E no dia 30, Viviane Mosé encerra o ciclo com uma reflexão final.
Cada encontro é um passo rumo a uma sociedade menos excludente — e mais amorosa.
Amor Não é Concessão, É Direito Humano
É hora de parar de tratar o amor como um presente concedido aos “merecedores”. Ele não é recompensa por se encaixar nos padrões. É um direito inalienável, tão fundamental quanto o ar que respiramos.
Negar o amor é negar a humanidade. E enquanto houver quem seja impedido de amar, nossa sociedade estará doente.
Como Você Pode Participar Dessa Transformação?
Assistir à palestra de Tatiana Nascimento é o primeiro passo. Mas a verdadeira mudança começa quando levamos essas perguntas para dentro de casa, do trabalho, das redes sociais. Quando questionamos nossos próprios julgamentos. Quando escolhemos cuidar — de pessoas, de animais, de ecossistemas.
O amor inclusivo não é utopia. É prática diária.
Conclusão: O Amor que Liberta
No final das contas, o que Tatiana Nascimento nos oferece não é apenas uma crítica — é um convite. Um convite para amar de forma mais ampla, mais corajosa, mais justa. Para entender que o amor verdadeiro não exclui — ele expande.
Enquanto alguns constroem muros ao redor do coração, outros constroem pontes. E são essas pontes que nos salvarão. Porque, no mundo que está por vir, só sobreviverá quem souber amar — de verdade, sem medo, sem fronteiras.
Perguntas Frequentes (FAQs)
1. Onde e quando ocorre a palestra “A exclusão do amor” com Tatiana Nascimento?
A palestra acontece nesta quinta-feira (9), às 19h, presencialmente na sede do Instituto CPFL, em Campinas (SP), e também ao vivo pelo canal do YouTube do Café Filosófico CPFL.
2. O que é o módulo “A sociedade da exclusão”?
É uma série de encontros filosóficos organizada pelo Café Filosófico CPFL, sob curadoria da psicanalista Viviane Mosé, que investiga as múltiplas formas de exclusão na sociedade contemporânea, com foco em corpos, afetos, natureza e pertencimento.
3. Por que Tatiana Nascimento fala sobre o amor da natureza?
Ela propõe uma ampliação do conceito de amor, entendendo-o como cuidado e respeito. Nessa visão, amar não se limita às relações humanas, mas inclui a forma como tratamos os ecossistemas, os rios e os seres não humanos.
4. Quais são os próximos temas do módulo?
Após a palestra de Tatiana, o módulo continua com “A exclusão dos corpos atípicos” (16/10), “A exclusão dos afetos” (23/10) e encerra com uma reflexão final de Viviane Mosé (30/10).
5. Como o público pode se engajar com essas discussões além do evento?
Além de assistir às transmissões, o público pode refletir sobre seus próprios preconceitos, apoiar artistas e ativistas que defendem amores diversos, e praticar o cuidado como forma cotidiana de resistência e inclusão.
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