Connect with us
As Aves da Noite Desperta em Campinas Um Grito Po tico Contra a Barb rie que Nunca Deveria Ser Esquecido As Aves da Noite Desperta em Campinas Um Grito Po tico Contra a Barb rie que Nunca Deveria Ser Esquecido

Notícias

“As Aves da Noite” Desperta em Campinas: Um Grito Poético Contra a Barbárie que Nunca Deveria Ser Esquecido

Em um mundo onde o fascismo ressurge em novas roupagens e a memória histórica é constantemente ameaçada pela indiferença, uma peça escrita há mais de meio século por uma das vozes mais radicais da literatura brasileira volta aos palcos com urgência quase profética. “As Aves da Noite”, drama teatral de **Hilda Hilst**, chega a **Campinas** em uma sessão gratuita no dia **16 de outubro**, no **Teatro Municipal José de Castro Mendes**, às **20h** — e não é apenas mais uma encenação. É um ato de resistência. Uma convocação urgente para que não esqueçamos o que a humanidade foi capaz de fazer… e do que ainda pode ser capaz.

Mas por que essa peça, escrita em 1967, ecoa com tanta força em 2024? O que faz um texto nascido em plena ditadura militar brasileira ressoar como um espelho distorcido — e assustadoramente fiel — do nosso tempo? A resposta está no cerne da obra: a luta entre a dignidade humana e a banalidade do mal.

PUBLICIDADE

O Retorno de uma Profecia Teatral

Quando Hilda Hilst escreveu *As Aves da Noite*, o Brasil vivia sob o jugo de um regime autoritário que censurava, torturava e desaparecia com corpos. Mas, em vez de retratar diretamente a realidade nacional, ela escolheu mergulhar no coração das trevas do século XX: Auschwitz. Não como um memorial, mas como um laboratório moral. Um espaço onde a humanidade é testada até seu limite — e onde, paradoxalmente, a luz da compaixão pode brilhar com mais intensidade.

A peça parte de um fato real: o sacrifício do padre franciscano Maximilian Kolbe, que, em 1941, ofereceu-se para morrer no lugar de um prisioneiro judeu condenado à “cela da fome” — um porão onde os condenados eram deixados sem comida nem água até a morte, como punição coletiva por uma fuga. Esse gesto de altruísmo extremo serve como espinha dorsal de uma narrativa que vai muito além do heroísmo individual. É uma meditação sobre o que nos torna humanos quando tudo ao redor insiste em nos reduzir a animais.

PUBLICIDADE

Hilda Hilst: A Poeta que Desafiou os Limites da Linguagem e da Moral

Hilda Hilst não era uma dramaturga convencional. Poeta, romancista e ensaísta, ela escrevia com uma linguagem que misturava o sagrado e o obsceno, o místico e o visceral. Em *As Aves da Noite*, essa dualidade se manifesta na forma como os personagens falam: ora com a eloquência de filósofos, ora com a crueza de condenados. Não há espaço para sentimentalismo fácil. A dor é nua, mas nunca gratuita.

A encenação atual, dirigida por Hugo Coelho, respeita essa complexidade. “Não é uma reconstituição de Auschwitz”, enfatiza o diretor. “É um grito contra a barbárie.” E é justamente essa abordagem simbólica — quase expressionista — que torna a peça tão potente. No palco, os prisioneiros aparecem **confinados em gaiolas**, uma metáfora visual poderosa: não são apenas corpos aprisionados, mas almas enjauladas, privadas de movimento, voz e identidade.

PUBLICIDADE

Por Que Assistir a “As Aves da Noite” em 2024?

Você pode se perguntar: por que voltar os olhos para um campo de extermínio nazista quando tantas injustiças acontecem hoje? A resposta é simples: porque o fascismo não morreu — apenas mudou de endereço.

Em tempos de discursos de ódio normalizados, de negacionismo histórico e de ataques sistemáticos à arte e à educação, *As Aves da Noite* funciona como um antídoto. Não oferece respostas fáceis, mas provoca perguntas essenciais:
– O que faríamos no lugar do padre Kolbe?
– Seríamos capazes de manter a humanidade diante da desumanização?
– E, mais perturbador: reconheceríamos o mal se ele batesse à nossa porta vestido de normalidade?

PUBLICIDADE

Essas questões não são retóricas. São urgentes.

A Encenação: Entre a Gaiola e o Grito

A montagem atual traz um elenco de peso: Marco Antônio Pâmio, Marat Descartes, Regina Maria Remencius, Rafael Losso, Walter Breda, Fernando Vítor, Marcos Suchara, Wesley Guindani e Heloisa Rocha. Cada ator encarna não apenas um personagem, mas um arquétipo da condição humana sob extremo sofrimento: o **Padre**, o **Carcereiro**, o **Poeta**, o **Estudante**, o **Joalheiro**, além de figuras como o **Oficial da SS**, a **Mulher que Limpa os Fornos** e **Hans**, o ajudante.

PUBLICIDADE

A cenografia minimalista — dominada por estruturas metálicas que evocam tanto gaiolas quanto grades de trem — reforça a ideia de aprisionamento físico e psicológico. A iluminação, fria e cortante, não esconde os rostos, mas os esculpe com sombras que lembram cicatrizes. E o som? Um silêncio pesado, interrompido apenas por sussurros, gritos abafados e o eco de passos metálicos.

A Linguagem de Hilst: Entre o Sagrado e o Profano

Um dos maiores desafios da encenação é lidar com a linguagem única de Hilda Hilst. Seus diálogos não seguem a lógica do realismo. São densos, poéticos, muitas vezes enigmáticos. O Poeta, por exemplo, fala em metáforas que parecem saídas de um sonho febril: “As aves da noite não cantam. Elas arranham o céu com as unhas da alma.”

PUBLICIDADE

Essa escolha estilística não é capricho literário. É uma forma de resistir à linguagem do opressor. Enquanto os nazistas reduziam os judeus a números, Hilst devolve a eles a complexidade da linguagem, da memória, do desejo. Até na morte, seus personagens recusam ser apagados.

O Porão da Fome: Um Espelho da Atualidade

O “porão da fome” — espaço central da peça — é mais do que um cenário. É um símbolo do que acontece quando o poder absoluto se instala. Os governos totalitários, como bem observa Hugo Coelho, **começam sempre pela destruição da dignidade**. Primeiro, tiram seu nome. Depois, sua roupa. Depois, sua história. Até que você não seja mais ninguém — apenas um corpo descartável.

PUBLICIDADE

Soa familiar? Basta olhar para os centros de detenção de migrantes, para as prisões superlotadas, para os discursos que desumanizam minorias. A geografia mudou, mas a lógica é a mesma.

Acessibilidade e Diálogo: Teatro Como Espaço de Encontro

A apresentação em Campinas será gratuita, com **intérprete de Libras** e um **bate-papo com a plateia após o espetáculo**. Essa escolha não é acidental. Em um momento em que o acesso à cultura é cada vez mais elitizado, a equipe por trás de *As Aves da Noite* reafirma o teatro como **espaço democrático de reflexão coletiva**.

PUBLICIDADE

As reservas de ingressos serão liberadas no início da próxima semana — um convite aberto a todos, especialmente àqueles que raramente têm voz nos debates sobre memória, ética e justiça.

Hugo Coelho: Um Diretor Contra o Esquecimento

Hugo Coelho não é um diretor que busca aplausos fáceis. Sua trajetória é marcada por montagens que desafiam o público a pensar, a sentir, a questionar. Em *As Aves da Noite*, ele abandona qualquer tentação de espetacularização. Não há efeitos especiais, não há melodrama. Há apenas corpos em crise, **palavras em chamas** e **silêncios que gritam**.

PUBLICIDADE

“O teatro não deve entreter”, diz ele em entrevistas. “Deve incomodar. Deve lembrar.” E é exatamente isso que esta montagem faz: incomoda com a beleza da verdade.

As Aves da Noite: Uma Metáfora que Nunca Envelhece

Por que “aves da noite”? Porque, na escuridão mais densa, há quem ainda tente voar. Porque, mesmo no porão da fome, alguém ainda ousa cantar — ainda que com a voz rouca da dor. As aves da noite não são símbolos de esperança ingênua, mas de resistência obstinada.

PUBLICIDADE

Hilda Hilst sabia que a arte não salva o mundo. Mas também sabia que, sem ela, o mundo se entrega ao vazio.

Campinas como Palco da Memória

Escolher Campinas para essa apresentação não é casual. A cidade, conhecida por sua tradição universitária e cultural, torna-se, por uma noite, um santuário da memória. Um lugar onde o passado fala com o presente — e onde o futuro ainda pode ser reescrito.

PUBLICIDADE

Em um país onde museus são fechados, livros são queimados e artistas são silenciados, levar *As Aves da Noite* a um teatro público é um ato político. É dizer: não vamos esquecer.

O Legado de Maximilian Kolbe: Santidade ou Humanidade?

O padre Kolbe foi canonizado pela Igreja Católica em 1982. Mas sua ação transcende a religião. Ele não morreu por fé — morreu por empatia radical. Ao se oferecer no lugar de um desconhecido, ele afirmou que a vida de um judeu valia tanto quanto a de um padre católico. Num mundo ainda marcado por hierarquias de valor humano, esse gesto é revolucionário.

PUBLICIDADE

A peça de Hilst não o santifica. Mostra suas dúvidas, seus medos, sua carne trêmula. E é justamente por isso que ele se torna mais humano — e mais inspirador.

A Banalidade do Mal no Palco

Hannah Arendt cunhou a expressão “banalidade do mal” ao observar o julgamento de Adolf Eichmann. Ela notou que o arquiteto do Holocausto não era um monstro, mas um burocrata medíocre, que seguia ordens sem questionar. Em *As Aves da Noite*, essa banalidade está personificada em Hans, o ajudante da SS — um jovem que limpa botas, serve café e participa do extermínio como quem cumpre uma rotina de escritório.

PUBLICIDADE

É esse personagem que mais assusta. Porque ele poderia ser qualquer um de nós — se não cultivássemos a coragem de dizer “não”.

A Mulher que Limpa os Fornos: A Invisibilidade da Cumplicidade

Outra figura crucial é a Mulher que Limpa os Fornos. Ela não mata, mas permite que a máquina da morte funcione. Representa a cumplicidade passiva — aquela que se esconde atrás do “não tenho escolha” ou do “só estou fazendo meu trabalho”.

PUBLICIDADE

Quantos de nós, hoje, limpamos fornos metafóricos sem sequer perceber?

Por Que a Arte Precisa Ser Incômoda?

Muitos preferem o entretenimento leve, a comédia fácil, o drama sem arestas. Mas *As Aves da Noite* recusa esse conforto. Ela nos obriga a olhar para o abismo — e a reconhecer que ele também habita em nós.

PUBLICIDADE

A arte verdadeira não é um espelho que nos lisonjeia. É um bisturi que nos dissecam.

Conclusão: Não Deixe as Aves Calarem

Em 1967, Hilda Hilst escreveu uma peça sobre Auschwitz. Em 2024, ela soa como um alerta. O fascismo não é um fantasma do passado. Está vivo — nas redes sociais, nas salas de aula censuradas, nos discursos que normalizam o ódio.

PUBLICIDADE

Ir ao teatro em 16 de outubro não é apenas assistir a uma peça. É escolher de que lado da história você quer estar. É dizer que, mesmo nas trevas, há quem ainda ouça o canto das aves da noite.

E talvez, só talvez, esse canto nos lembre que ainda somos capazes de humanidade.

PUBLICIDADE

Perguntas Frequentes (FAQs)

1. Onde e quando será a apresentação de “As Aves da Noite” em Campinas?
A peça será encenada no Teatro Municipal José de Castro Mendes, em Campinas, no dia **16 de outubro (quinta-feira)**, às **20h**. A entrada é gratuita, e haverá intérprete de Libras.

2. Como reservar ingressos para o espetáculo?
As reservas serão liberadas no início da próxima semana. Recomenda-se acompanhar as redes oficiais do teatro ou da produção para informações sobre o sistema de reserva.

PUBLICIDADE

3. A peça é adequada para todos os públicos?
*As Aves da Noite* aborda temas pesados como violência, morte e desumanização, com linguagem densa e cenas emocionalmente intensas. É recomendada para maiores de 16 anos, especialmente por seu conteúdo filosófico e histórico.

4. Por que a peça se chama “As Aves da Noite”?
O título é uma metáfora criada por Hilda Hilst para representar aqueles que, mesmo na escuridão extrema, mantêm viva a capacidade de sentir, pensar e resistir. As “aves” simbolizam a alma que não se deixa aprisionar totalmente.

PUBLICIDADE

5. O que acontece após a apresentação?
Haverá um bate-papo com a plateia, mediado pela equipe de produção e elenco, para debater os temas da peça, o processo criativo e a relevância da obra no contexto atual. É uma oportunidade rara de diálogo direto com os artistas.

Para informações adicionais, acesse o site

PUBLICIDADE
‘Este conteúdo foi gerado automaticamente a partir do conteúdo original. Devido às nuances da tradução automática, podem existir pequenas diferenças’.

PUBLICIDADE
PUBLICIDADE
PUBLICIDADE
PUBLICIDADE
PUBLICIDADE
PUBLICIDADE
PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

Copyright © 2021 powered by Notícias de Campinas.