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Campinas em Alerta: O Dia em que o Centro Parou de Respirar — Comerciantes Fecham as Portas Antes do Pôr do Sol
Na esquina da Rua Dr. Quirino com a Praça Rui Barbosa, onde outrora o som de risadas e o cheiro de café fresco marcavam o fim da tarde, hoje reina um silêncio tenso. As portas das lojas descem minutos antes do habitual. As luzes se apagam mais cedo. E os passos dos pedestres aceleram, como se o próprio asfalto estivesse prestes a engoli-los. Em Campinas, a região central — coração pulsante da cidade — está vivendo uma transformação silenciosa, mas profunda: não por escolha, mas por medo.
Uma onda de roubos e furtos tem redesenhado o cotidiano de moradores, comerciantes e trabalhadores. Câmeras de segurança, antes usadas para monitorar estoques, agora registram cenas de violência que parecem saídas de roteiros policiais. E diante desse cenário, muitos optaram por uma única estratégia de sobrevivência: recolher-se antes que a escuridão traga mais do que apenas a noite.
Mas o que está por trás dessa escalada de insegurança? Por que o centro de uma das cidades mais prósperas do interior paulista se tornou um território de tensão constante? E, mais importante: há esperança de reversão?
O Que Está Acontecendo no Centro de Campinas?
Os números falam alto. De janeiro a agosto de 2025, o 1º Distrito Policial de Campinas registrou 585 casos de roubo e **1.981 de furto** — uma média de **10 ocorrências por dia**. São celulares arrancados das mãos, correntes de ouro puxadas com violência, idosos empurrados ao chão por criminosos que agem em grupo. Em um dos vídeos mais chocantes, um casal é cercado por três homens; o homem, já idoso, é derrubado com brutalidade. Em outro, uma mulher tenta correr atrás do ladrão que leva seu celular, mas desiste ao perceber que está sozinha contra a impunidade.
Esses não são apenas dados estatísticos. São histórias reais que mudaram vidas — e rotinas.
Comércio em Estado de Alerta
Adriana Bueno, vendedora há mais de 15 anos em uma loja de roupas na Rua Dr. Quirino, conta que agora fecha o estabelecimento 15 minutos antes do horário habitual. “Não é exagero. É prevenção”, diz. “Antes, a gente ficava até as 19h. Hoje, às 18h45 já estamos trancando tudo. Se alguém bater depois, pedimos desculpas, mas não abrimos.”
Ela não está sozinha. Dezenas de comerciantes adotaram medidas semelhantes. Alguns instalaram grades extras, outros contrataram seguranças particulares, e há quem tenha simplesmente decidido fechar as portas definitivamente. “O centro está morrendo por dentro”, lamenta um dono de papelaria que prefere não se identificar. “Se continuar assim, não vai sobrar ninguém.”
A Academia que Trancou as Portas ao Anoitecer
Andreas Damasceno, professor de educação física, também sentiu na pele o impacto da insegurança. Ele trabalha em uma academia localizada a poucos quarteirões da Praça da Sé. “Antes, a gente fazia aulas até às 21h. Agora, às 19h30 já estamos fechando. Tranquei as portas com cadeado duplo e instalei sensores de movimento.”
Ele conta que, recentemente, um aluno foi assaltado logo após sair da aula. “Foi a gota d’água. Não posso mais me dar ao luxo de ignorar o risco.”
Quando o Medo Entra em Casa
Alexandre Catani, aposentado, viveu um dos piores pesadelos possíveis: ver sua esposa ser vítima de um assalto. “Ela estava voltando do mercado, a poucos metros de casa, quando dois rapazes a abordaram e levaram a bolsa dela. Felizmente, não houve violência física, mas o trauma ficou.”
Alexandre registrou o boletim de ocorrência não apenas para tentar recuperar os pertences, mas para chamar a atenção das autoridades. “Se cada um ficar calado, nada muda. Precisamos que a polícia esteja aqui, de verdade — não só em números de relatórios.”
Os Olhos que Veem Tudo — e Ninguém Impede
As câmeras de segurança se tornaram testemunhas silenciosas de uma crise urbana. Semanalmente, flagram desde furtos rápidos até roubos violentos. Mas por que, com tanta evidência visual, os criminosos continuam agindo com impunidade?
A resposta é complexa. Enquanto alguns casos são resolvidos, muitos permanecem arquivados por falta de identificação dos suspeitos ou por sobrecarga do sistema de investigação. “As imagens ajudam, mas não bastam”, explica um investigador do 1º DP, sob condição de anonimato. “Precisamos de mais efetivo, mais tecnologia e, acima de tudo, de integração entre as forças de segurança.”
O Que Dizem as Autoridades?
Procurada, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) afirmou que a **Polícia Militar intensificou as rondas** na região central e que a **Polícia Civil segue investigando os casos**. Segundo a pasta, houve **queda nos índices de criminalidade em comparação com o mesmo período de 2024**, com **3.650 infratores presos ou apreendidos** e **319 armas de fogo retiradas de circulação**.
Já a Guarda Municipal declarou, em nota, que **não há registro de crimes graves no trecho citado** — uma afirmação que contrasta com os relatos de moradores e comerciantes. Essa discrepância levanta uma pergunta incômoda: os dados oficiais realmente refletem a realidade das ruas?
A Falácia da “Queda nos Índices”
É tentador acreditar que, se os números caíram, o problema está resolvido. Mas a percepção de segurança — ou a falta dela — não é medida apenas por estatísticas. Quando lojas fecham mais cedo, quando idosos evitam sair à noite e quando mães proíbem filhos de caminhar sozinhos, algo está errado, independentemente do que os gráficos digam.
Além disso, especialistas em segurança urbana alertam que a subnotificação é um fator crítico. Muitos cidadãos simplesmente desistem de registrar ocorrências, seja por descrença no sistema, seja por medo de represálias. Assim, os dados oficiais podem estar subestimando a gravidade da situação.
O Centro que Perdeu sua Alma
Campinas sempre foi conhecida por seu centro vibrante — um lugar onde cultura, comércio e convívio social se entrelaçavam. Hoje, porém, o que se vê é um cenário de esvaziamento. Lojas fechadas, calçadas desertas após as 19h, praças vazias.
“O centro não é só um espaço geográfico. É um símbolo da identidade da cidade”, diz a urbanista Mariana Lopes. “Quando ele perde sua vitalidade, todos perdemos.”
Por Que os Criminosos Escolhem o Centro?
Há razões práticas para a concentração de crimes na região central. Primeiro, alta circulação de pessoas — o que facilita tanto furtos quanto fugas. Segundo, **presença de alvos valiosos**: celulares, joias, bolsas. Terceiro, **falta de iluminação adequada** em alguns trechos, especialmente após o fechamento do comércio.
Além disso, a mobilidade dos criminosos é facilitada por ruas estreitas e saídas múltiplas — perfeitas para desaparecer rapidamente após um assalto.
Tecnologia Como Aliada — ou Ilusão?
Muitos apostam na tecnologia como solução. Câmeras inteligentes, reconhecimento facial, drones de vigilância — tudo isso existe, mas sua implementação é lenta e desigual. Enquanto grandes shoppings contam com sistemas de ponta, o comércio de rua depende de recursos próprios, muitas vezes insuficientes.
“Tecnologia ajuda, mas não substitui a presença humana”, afirma o sociólogo Roberto Almeida. “Um policial caminhando pela rua transmite mais segurança do que cem câmeras desacompanhadas.”
A Experiência de Outras Cidades
Campinas não está sozinha. Cidades como São Paulo, Curitiba e Belo Horizonte já enfrentaram crises semelhantes e adotaram estratégias que podem servir de exemplo. Entre elas:
– Policiamento comunitário, com agentes fixos em bairros específicos;
– Iluminação inteligente, com sensores de movimento em áreas de risco;
– Parcerias público-privadas para financiar segurança em zonas comerciais.
A lição é clara: a segurança urbana exige abordagem multidisciplinar — e não pode ser delegada apenas à polícia.
O Papel do Cidadão na Reconstrução da Segurança
Embora as autoridades tenham a responsabilidade principal, os cidadãos também podem atuar. Grupos de WhatsApp comunitários, por exemplo, têm se mostrado eficazes na troca de informações em tempo real. Campanhas de conscientização sobre segurança pessoal — como não usar fones de ouvido em locais movimentados — também ajudam.
Mas, acima de tudo, é preciso romper o ciclo do medo e da indiferença. Denunciar, participar de reuniões comunitárias, cobrar políticas públicas: são pequenos passos que, somados, geram grandes mudanças.
O Futuro do Centro de Campinas: Entre o Colapso e a Renovação
O que esperar nos próximos meses? A resposta depende de decisões tomadas hoje. Se nada for feito, o centro pode se tornar um deserto urbano — funcional de dia, fantasmagórico à noite. Mas se houver investimento em segurança, infraestrutura e revitalização cultural, há esperança de um renascimento.
“Campinas tem potencial para ser um exemplo de cidade segura”, diz Mariana Lopes. “Mas só se pararmos de tratar a segurança como um problema policial e começarmos a vê-la como um desafio coletivo.”
O Que Você Pode Fazer Hoje?
Se você mora, trabalha ou frequenta o centro de Campinas, não subestime seu papel. Aqui estão algumas ações práticas:
– Registre toda ocorrência, por menor que pareça;
– Participe de reuniões da associação de bairro;
– Evite andar distraído com o celular em locais de risco;
– Apoie o comércio local, mesmo que com pequenas compras;
– Compartilhe informações úteis com vizinhos e colegas.
A segurança começa com consciência — e termina com ação.
Conclusão: O Centro Precisa Voltar a Respirar
Campinas está em uma encruzilhada. De um lado, o caminho do abandono, do medo e do esvaziamento. Do outro, a possibilidade de reconstrução — com luzes acesas, portas abertas e pessoas caminhando sem olhar para trás.
O centro não é apenas um lugar. É um espelho da alma da cidade. E se ele parar de respirar, todos sufocamos. A hora de agir é agora — antes que o próximo vídeo de câmera de segurança mostre não um assalto, mas o enterro de um sonho coletivo.
Perguntas Frequentes (FAQs)
1. Por que os índices de roubo caíram, mas os comerciantes ainda têm medo?
Porque a percepção de segurança não depende apenas de números. Fatores como violência dos crimes, frequência de ocorrências e subnotificação influenciam diretamente o sentimento de insegurança, mesmo que os dados oficiais mostrem melhora.
2. O que fazer se eu for vítima de um assalto no centro de Campinas?
Registre imediatamente um boletim de ocorrência online ou presencialmente no 1º DP. Guarde qualquer evidência (como vídeos de câmeras próximas) e informe sua associação de bairro ou grupo comunitário para alertar outros moradores.
3. A Guarda Municipal atua em casos de roubo?
A Guarda Municipal tem função de patrulhamento e prevenção, mas não investiga crimes. Casos de roubo e furto são de competência da Polícia Civil, enquanto a Polícia Militar atua na resposta imediata.
4. Fechar lojas mais cedo realmente reduz o risco de assaltos?
Sim, especialmente em áreas onde a criminalidade aumenta após o anoitecer. Reduzir o tempo de exposição e evitar horários de baixa circulação de pessoas são estratégias eficazes de autoproteção.
5. Como a população pode pressionar por mais segurança no centro?
Participando de audiências públicas, entrando em contato com vereadores, assinando petições e usando redes sociais para visibilizar o problema. A pressão coletiva é uma das formas mais eficazes de exigir ações concretas das autoridades.
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