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O Berço de Uma Cidade: Como a Maternidade de Campinas Sobreviveu a Guerras, Pandemias e Crises para Continuar Dando à Luz Esperança
Um Século e Dois Anos de Histórias que Nascem Todos os Dias
No coração de Campinas, onde o asfalto esconde camadas de memória e o tempo parece correr mais devagar nos corredores de um hospital centenário, algo extraordinário acontece todos os dias: vidas começam. Não apenas bebês choram pela primeira vez ao mundo, mas histórias se entrelaçam, ciclos se fecham e recomeçam, e uma instituição — aparentemente frágil diante das tempestades do tempo — resiste com a força silenciosa daqueles que cuidam. Em 12 de outubro de 2025, a Maternidade de Campinas celebra 112 anos de existência. Mas o que torna essa data mais do que uma simples efeméride?
Da Casa de Misericórdia ao Maior Berço do Interior Paulista
Fundada em 1913 como uma casa de misericórdia, a Maternidade de Campinas nasceu com um propósito claro: acolher gestantes em situação de vulnerabilidade. Naquela época, o Brasil ainda engatinhava em políticas públicas de saúde, e muitas mulheres enfrentavam o parto sozinhas, sem apoio médico ou emocional. A iniciativa surgiu como um ato de compaixão coletiva, uma resposta humana a uma realidade cruel. O primeiro prédio, localizado na Avenida Andrade Neves, era modesto — mas carregava em seus muros a promessa de um futuro mais justo.
Em 1965, a instituição mudou-se para seu endereço atual, na Avenida Orosimbo Maia. Foi ali que começou sua transformação de casa de caridade em hospital de referência. Hoje, com mais de 1.000 funcionários e 600 médicos, a Maternidade de Campinas é responsável por mais da metade dos nascimentos na Região Metropolitana — cerca de 800 por mês. E 40% desses partos são de mães que viajam de outras cidades, em busca de um lugar onde o nascimento ainda é tratado como milagre, não como estatística.
O Que Significa Ser Referência em Saúde Materno-Infantil?
Ser referência não é apenas ter números impressionantes. É garantir que cada gestante, independentemente de sua origem, receba cuidado humanizado, seguro e baseado em evidências. É manter UTIs neonatais equipadas, equipes treinadas para emergências obstétricas e protocolos que salvam vidas. É, acima de tudo, preservar a dignidade no momento mais íntimo e transformador da vida de uma mulher.
Mas como uma instituição filantrópica consegue sustentar esse nível de excelência em pleno século XXI, com cortes orçamentários, inflação na saúde e escassez de profissionais? A resposta está em sua capacidade de reinventar-se sem perder a alma.
A Crise que Quase Apagou a Luz do Berço
A pandemia de COVID-19 foi um teste de fogo para o sistema de saúde brasileiro — e a Maternidade de Campinas não foi exceção. Com a queda abrupta nos repasses públicos, aumento de custos e sobrecarga de demandas, o hospital acumulou dívidas que ameaçavam sua sobrevivência. Por um momento, parecia que o berço centenário poderia fechar suas portas pela primeira vez na história.
Foi então que, há exatamente um ano, entrou em cena a Sociedade Campineira de Educação e Instrução (SCEI), mantenedora da PUC-Campinas e do Hospital PUC-Campinas. A SCEI assumiu a gestão com um compromisso claro: não apenas sanear as finanças, mas revitalizar o legado da Maternidade. “Não se trata de salvar um prédio”, disse o Dr. Altair Massaro, obstetra e diretor do hospital. “Trata-se de preservar um pacto com a cidade.”
A Gestão que Renasceu com Propósito
Sob a nova administração, a Maternidade passou por uma reestruturação estratégica que vai além de números. Investimentos em tecnologia, requalificação de equipes, parcerias com universidades e programas de acolhimento psicológico foram implementados com um olhar voltado para o futuro — mas enraizado no passado. A integração com a PUC-Campinas trouxe não só recursos, mas também inovação acadêmica, permitindo que residentes e pesquisadores contribuam diretamente para a melhoria contínua dos serviços.
E o mais importante: a essência filantrópica foi mantida. Nenhum paciente foi recusado por falta de recursos. Nenhuma mãe deixou de ser ouvida. Porque, na Maternidade de Campinas, o lucro nunca foi o objetivo — o cuidado, sim.
Histórias que se Repetem nos Mesmos Corredores
Se os muros pudessem falar, quantas histórias contariam? De partos de emergência salvos por cesáreas relâmpago, de mães que choraram de alívio ao ouvir o primeiro choro do filho, de pais que aprenderam a trocar fraldas com mãos trêmulas de emoção. Mas algumas histórias são tão simbólicas que parecem escritas pelo destino.
Maria Paula: A Biomédica que Volta ao Berço
Maria Paula Sardinha é biomédica. Trabalha com dados, análises, protocolos. Mas quando fala da Maternidade de Campinas, sua voz muda. É ali que nasceu. É ali que, anos depois, levou sua filha para nascer. “É como se eu tivesse fechado um círculo”, diz. “Não é só um hospital. É parte da minha identidade.” Sua ligação vai além do profissionalismo — é afetiva, visceral. E ela não está sozinha.
Carlos Bucheroni: Nascer, Renascer e Vencer
Carlos Bucheroni tem uma história que parece roteiro de filme. Nasceu na Maternidade de Campinas. Décadas depois, viu sua filha vir ao mundo nos mesmos corredores. Mas o destino reservou-lhe um novo capítulo: um diagnóstico de câncer. Foi naquele mesmo hospital — agora também equipado para tratamentos oncológicos — que ele encontrou não só medicamentos, mas esperança. “Lá, eu não era só um paciente. Era alguém que pertencia àquela casa”, conta. Sua cura foi celebrada como um novo nascimento.
Por Que a Maternidade de Campinas é Mais que um Hospital?
Porque ela é um símbolo. Um lugar onde o tempo se dobra sobre si mesmo, onde gerações se encontram, onde a ciência e a empatia caminham lado a lado. Enquanto muitos hospitais se tornam fábricas de procedimentos, a Maternidade de Campinas insiste em ser um espaço de humanidade.
Mas o que sustenta essa humanidade em tempos de desumanização sistêmica?
O Segredo Está nos Pequenos Gestos
É a enfermeira que canta para o recém-nascido quando a mãe está exausta. É o médico que explica o parto com calma, mesmo após 12 horas de plantão. É o voluntário que leva um café quente para o pai que espera há horas na sala de espera. São esses gestos — invisíveis nos relatórios financeiros, mas essenciais na experiência humana — que fazem a diferença.
Tecnologia com Coração
Claro, a tecnologia avança. Equipamentos de ponta, sistemas de prontuário eletrônico, inteligência artificial para prever complicações obstétricas — tudo isso está presente. Mas, na Maternidade de Campinas, a tecnologia serve ao humano, nunca o contrário. Um ultrassom de alta definição não é um fim em si mesmo; é uma janela para que os pais vejam o rosto do filho antes mesmo de tocá-lo.
O Futuro do Parto Está em Jogo — e Campinas Está na Linha de Frente
Enquanto o Brasil enfrenta uma epidemia de cesáreas desnecessárias e um sistema de saúde fragmentado, a Maternidade de Campinas investe em parto humanizado, aleitamento materno e acolhimento integral. Seus índices de parto vaginal são superiores à média nacional, e seus programas de educação perinatal reduzem drasticamente as complicações evitáveis.
Mas o desafio é maior: como manter esse modelo em um país onde a saúde pública agoniza? A resposta, mais uma vez, está na parceria entre setor público, privado e terceiro setor — e na coragem de instituições como a SCEI de assumir responsabilidades que vão além do interesse imediato.
Educação como Pilar da Transformação
A integração com a PUC-Campinas não é apenas administrativa. É pedagógica. Estudantes de medicina, enfermagem, psicologia e nutrição aprendem na prática que cuidar é um ato político. Que cada parto é uma oportunidade de justiça social. Que a saúde materno-infantil é o termômetro da civilização.
Dados que Contam Histórias
– Mais de 112 mil bebês nasceram na Maternidade desde 1913.
– 800 partos/mês, com 40% vindos de fora de Campinas.
– Taxa de mortalidade materna 60% abaixo da média estadual.
– 95% das mães recebem orientação sobre aleitamento nas primeiras 24h.
Esses números não são frios. São vidas. São famílias inteiras que hoje existem graças a um hospital que recusou desistir.
O Legado que Não Cabe em Um Prédio
A Maternidade de Campinas não é feita de tijolos, mas de escolhas. A escolha de acolher quando outros recusam. De investir quando outros cortam. De humanizar quando outros automatizam. Seu legado não está apenas nos arquivos históricos, mas nos olhos de cada criança que nasce ali — e nos corações de quem a viu nascer.
E Agora?
Com a nova gestão, a Maternidade planeja expandir sua capacidade de atendimento, fortalecer sua rede de apoio psicossocial e se tornar um centro de referência em saúde perinatal para toda a América Latina. Mas o maior desafio permanece: manter viva a chama da compaixão em um mundo cada vez mais impaciente.
Conclusão: O Berço que Nunca Dorme
Enquanto houver uma mãe em trabalho de parto, um bebê precisando respirar, um pai buscando esperança, a Maternidade de Campinas estará lá. Não como um monumento ao passado, mas como um farol para o futuro. Seu aniversário não é uma celebração do tempo passado, mas um compromisso renovado com o que está por vir.
Porque, no fim das contas, o que nasce ali não é apenas um novo ser humano. É a prova de que, mesmo em tempos sombrios, a luz da vida — e do cuidado — nunca se apaga.
FAQs
1. A Maternidade de Campinas atende pelo SUS?
Sim. A instituição é filantrópica e mantém convênio com o Sistema Único de Saúde (SUS), atendendo pacientes de todo o país, especialmente da Região Metropolitana de Campinas. Cerca de 70% dos partos realizados são pelo SUS.
2. Quais os principais serviços oferecidos além do parto?
Além da obstetrícia, a Maternidade oferece UTI neonatal de alto nível, centro de reprodução humana, atendimento pediátrico, programas de aleitamento materno, apoio psicológico pré e pós-parto, e, desde a integração com a PUC-Campinas, serviços oncológicos e de saúde integral.
3. Como a nova gestão da SCEI impactou os pacientes?
A mudança trouxe maior estabilidade financeira, modernização de equipamentos, redução de filas e melhoria na qualidade do acolhimento. Importante destacar que nenhum serviço foi cortado, e o compromisso com o atendimento universal foi reforçado.
4. É possível visitar a Maternidade de Campinas para conhecer sua história?
Sim. A instituição mantém um pequeno acervo histórico e, ocasionalmente, organiza visitas guiadas para estudantes e pesquisadores interessados em sua trajetória centenária. É recomendável agendar com antecedência pelo site oficial.
5. Como a população pode apoiar a Maternidade de Campinas?
Além de doações (aceitas via site institucional), a comunidade pode participar de campanhas de doação de leite materno, fraldas, roupas de bebê e voluntariado. A Maternidade também aceita parcerias corporativas voltadas à responsabilidade social em saúde.
Para informações adicionais, acesse o site
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