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O Trem que Carrega Sonhos: Como um Vagão de Bonecos Está Revolucionando o Teatro Popular no Interior de São Paulo
Em um mundo cada vez mais digital, onde o entretenimento é consumido com um toque na tela e a atenção dura menos que um stories, surge uma resposta inusitada — e profundamente humana — vinda das trilhas de trem do interior de São Paulo. Não se trata de mais um aplicativo ou algoritmo viral, mas de um vagão de madeira, pano e poesia: o lar itinerante da Cia Vagamundo, uma companhia de teatro de mamulengos que transforma cada apresentação em um ato de resistência cultural, encantamento coletivo e educação popular.
A história começa com um encontro improvável: o de Antônio Leitão, multiartista, com um vagão ferroviário dedicado ao teatro de bonecos. Foi ali, entre rodas de trem e fios de linha, que ele descobriu não apenas uma vocação, mas um **propósito artístico** capaz de atravessar gerações. Hoje, sua jornada se materializa no espetáculo **“As Bravatas do Professor Tiridá na Fazenda do Coronel de Javunda”**, que chega a **Campinas no dia 18 de outubro de 2025**, com entrada gratuita, tradução em Libras e uma oficina de maracá feita de materiais recicláveis.
Mas o que há de tão especial nesse projeto que merece ser contado como se fosse uma crônica do *The New York Times*? A resposta está na interseção entre tradição e inovação, entre o folclórico e o contemporâneo, entre o lúdico e o político. Este artigo mergulha nesse universo mágico — e urgentemente necessário — do teatro popular brasileiro.
De Vagão a Vagamundo: O Nascimento de uma Companhia que Viaja com Propósito
Antes de se tornar um mamulengueiro, Antônio Leitão era um artista em busca de sentido. Até que, em uma dessas viagens que a vida nos reserva como surpresa, ele entrou em um vagão de trem transformado em palco ambulante. Ali, entre bonecos de madeira articulada e rimas de cordel, algo se acendeu. Era o fogo da tradição oral, da brincadeira séria, da arte que não se esconde nos teatros elitizados, mas que **vai ao povo**.
Assim nasceu a Cia Vagamundo, cujo nome já carrega em si a essência do projeto: **vagar pelo mundo com propósito**, levando consigo histórias que resistem ao tempo. O teatro de mamulengos, típico do Nordeste brasileiro, é mais do que entretenimento infantil — é um **repositório de sabedoria popular**, crítica social disfarçada de comédia e uma forma de preservar identidades culturais ameaçadas pela homogenização global.
“As Bravatas do Professor Tiridá”: Um Espetáculo que Fala de Poder, Humor e Resistência
O espetáculo central da turnê, “As Bravatas do Professor Tiridá na Fazenda do Coronel de Javunda”, é uma obra-prima do teatro popular contemporâneo. Nele, o Professor Tiridá — um personagem clássico dos mamulengos — desembarca na fazenda de um coronel autoritário, onde usa sua **eloquência afiada e ironia fina** para desmontar hierarquias, questionar injustiças e provocar risos que também pensam.
Mas por que esse enredo ainda ressoa em 2025? Porque, infelizmente, coronéis ainda existem — não mais de chapéu de couro, mas de ternos e algoritmos. E o Professor Tiridá, com seu discurso cheio de bravatas e poesia, continua sendo um **herói necessário** para tempos de polarização e silenciamento.
Campinas Recebe o Vagamundo: Um Encontro com a Cultura Viva
No próximo sábado, 18 de outubro, o **Ponto de Cultura e Memória IBAÔ**, em Campinas, será palco de um encontro raro: o da **comunidade local com uma forma de arte que resiste há séculos**. A apresentação começa às **14h**, com **entrada gratuita** e **interpretação em Libras**, reforçando o compromisso da Cia Vagamundo com a **acessibilidade e inclusão**.
Mas o espetáculo é apenas o começo. Após a peça, o público é convidado a participar de uma Oficina de Construção de Maracá, instrumento sagrado nas culturas indígenas, agora reinterpretado com **materiais recicláveis**. Não é preciso se inscrever — basta ficar. É nesse gesto simples que reside a genialidade do projeto: **transformar espectadores em criadores**.
O Poder das Oficinas: Quando o Público Torna-se Parte da História
Enquanto muitos projetos culturais terminam com os aplausos, o Vagamundo insiste em continuar. As oficinas — de **Literatura de Cordel, Xilogravura, Maracá e Boneco Mané Gostoso** — não são extras, mas **extensões vivas do espetáculo**. Elas permitem que crianças e adultos toquem, construam e, acima de tudo, **compreendam a profundidade simbólica** por trás de cada elemento.
Imagine uma criança montando seu próprio mamulengo com retalhos e cola. Ela não está apenas brincando — está reconectando-se com uma tradição ancestral, aprendendo sobre ciclos, natureza, comunidade. É educação sem sermão, arte sem fronteiras.
ProAC e o Fortalecimento das Culturas Populares: Um Apoio que Transforma
O projeto “Entre madeiras e brincadeiras: um giro de folia e poesia” é realizado por meio do **Edital 16/2024 – Fortalecimento das Culturas Populares e Povos Tradicionais**, do **ProAC** (Programa de Ação Cultural), da Secretaria da Cultura, Economia e Indústrias Criativas do Governo do Estado de São Paulo. Esse apoio não é meramente financeiro — é **um reconhecimento institucional da importância do teatro popular como patrimônio vivo**.
Num momento em que políticas culturais são frequentemente cortadas ou desvalorizadas, iniciativas como essa mostram que investir em cultura popular é investir em coesão social, memória coletiva e futuro criativo.
Por Que o Teatro de Mamulengos Ainda Importa?
Você pode se perguntar: em plena era da realidade virtual, por que voltar os olhos para bonecos de madeira e pano? A resposta é simples: porque o mamulengo é tecnologia ancestral. Ele não depende de bateria, Wi-Fi ou atualizações. Ele vive da **voz humana, do gesto, do improviso, da conexão direta**.
Além disso, o mamulengo é democrático por natureza. Pode ser encenado em praças, escolas, terreiros, favelas, centros urbanos. Ele não exige palcos caros, mas sim **presença e coragem**. E, mais do que tudo, ele **ensina a rir de si mesmo** — uma habilidade cada vez mais rara em tempos de redes sociais e egos inflados.
Antônio Leitão: O Guardião Moderno de uma Tradição Milenar
Antônio Leitão não se vê como um “salvador” da cultura popular. Ele se define como um mediador, alguém que **escuta as vozes do passado para traduzi-las ao presente**. Sua jornada é um lembrete de que **a arte não precisa ser grandiosa para ser transformadora** — basta ser verdadeira.
Seu trabalho com a Cia Vagamundo é uma lição em humildade criativa: ele não impõe sua visão, mas **dialoga com mestres populares, comunidades indígenas, artistas de rua**. É nessa rede de colaboração que nasce a magia.
O Papel do Ponto de Cultura IBAÔ: Um Espaço de Memória e Futuro
O Ponto de Cultura e Memória IBAÔ, em Campinas, não é um local qualquer. É um **espaço de resistência cultural**, dedicado à preservação da memória negra e à promoção de práticas artísticas comunitárias. Receber a Cia Vagamundo ali é mais do que uma coincidência — é um **alinhamento de propósitos**.
Ambos acreditam que cultura é direito, não privilégio. Que **arte é ferramenta de transformação**, não apenas decoração. E que **comunidades devem ser protagonistas**, não espectadoras passivas.
A Magia da Acessibilidade: Libras como Ponte entre Mundos
A inclusão de intérprete de Libras na apresentação em Campinas não é um detalhe técnico — é um **ato político**. Ele reconhece que a cultura deve ser **acessível a todos os corpos, todas as línguas, todas as formas de perceber o mundo**.
No teatro de bonecos, onde o visual é tão importante quanto o auditivo, a Libras ganha um papel ainda mais potente: traduz não só palavras, mas expressões, ritmos, emoções. É uma forma de garantir que **ninguém fique de fora da magia**.
Reciclagem Criativa: Quando o Lixo se Torna Instrumento de Cultura
A oficina de maracá com materiais recicláveis é um ato de poesia sustentável. Garrafas PET, tampas, sementes — tudo se transforma em som, em ritmo, em celebração. Essa prática ensina mais do que artesanato: ensina **respeito pelos recursos, criatividade com limites e valorização do que já existe**.
É também uma crítica sutil ao consumismo desenfreado: não precisamos comprar para criar. Basta olhar ao redor com olhos de artista.
O Teatro como Espelho da Sociedade: Crítica Disfarçada de Brincadeira
O mamulengo nunca foi ingênuo. Desde suas origens, ele zomba do poder, expõe hipocrisias e dá voz aos marginalizados. O Coronel de Javunda, por exemplo, representa não só o latifundiário do passado, mas **todas as figuras de autoridade que abusam de seu poder** — seja um político, um patrão ou um algoritmo que decide quem merece visibilidade.
E é justamente por disfarçar sua crítica em humor que o mamulengo consegue atravessar censuras, gerações e fronteiras.
A Jornada do Vagamundo: Um Mapa de Afetos e Resistência
A turnê da Cia Vagamundo não segue um roteiro turístico, mas um mapa de afetos. Cada cidade visitada é escolhida por sua **potência cultural, sua sede de arte e sua abertura ao diálogo**. O projeto não “desce do palco” — ele **se entrelaça com a comunidade**, criando laços que vão além de uma tarde de espetáculo.
Essa abordagem é rara — e urgente — em um tempo de eventos efêmeros e experiências descartáveis.
Educação Popular em Ação: Aprendizado sem Sala de Aula
Nas oficinas do Vagamundo, não há professores nem alunos, mas **coaprendizes**. A xilogravura ensina sobre linhas e sombras, mas também sobre **paciência e repetição**. O cordel fala de santos e bandidos, mas também de **ética e justiça**. O maracá vibra com o pulso da terra, lembrando-nos de que **somos parte de um todo maior**.
É educação que não coloniza, mas liberta.
O Futuro do Teatro Popular: Entre Tradição e Inovação
O desafio do teatro popular hoje não é sobreviver, mas evoluir sem perder a alma. A Cia Vagamundo mostra que é possível **usar técnicas contemporâneas — como acessibilidade, sustentabilidade e colaboração — sem trair as raízes**.
O futuro do mamulengo está nas mãos de quem entende que tradição não é museu, mas rio em movimento.
Conclusão: Um Convite para Voltar ao Essencial
Em um mundo acelerado, fragmentado e frequentemente desencantado, o Vagamundo nos convida a parar. A olhar. A rir. A construir. A ouvir histórias que vêm de longe, mas falam diretamente ao nosso agora.
Ir ao espetáculo em Campinas não é apenas “ver um teatro de bonecos”. É participar de um ritual coletivo de reencantamento. É lembrar que a cultura popular não é folclore morto, mas **força viva, pulsante, necessária**.
Então, anote na agenda: 18 de outubro, 14h, Ponto de Cultura IBAÔ, Campinas. Leve as crianças, os avós, os vizinhos. E, principalmente, leve a **vontade de se deixar surpreender**.
Porque, no fim das contas, o trem do Vagamundo não leva apenas bonecos — leva esperança.
Perguntas Frequentes (FAQs)
1. O que é teatro de mamulengos?
É uma forma tradicional de teatro de bonecos, originária do Nordeste do Brasil, caracterizada por personagens caricatos, linguagem popular, humor ácido e forte crítica social, geralmente acompanhada por música ao vivo e rimas de cordel.
2. Preciso me inscrever para participar da oficina de maracá?
Não. A oficina é aberta a todos os presentes após o espetáculo. Basta permanecer no local do evento — não há necessidade de inscrição prévia.
3. O evento é acessível para pessoas surdas?
Sim. Haverá intérprete de Libras durante toda a apresentação teatral, garantindo acessibilidade comunicacional para o público surdo.
4. Quem pode participar das atividades?
Todas as atividades — tanto o espetáculo quanto as oficinas — são gratuitas e abertas a todas as idades. Crianças, adolescentes, adultos e idosos são bem-vindos.
5. O projeto visitará outras cidades além de Campinas?
Sim. A turnê “Entre madeiras e brincadeiras” percorrerá diversas cidades do interior de São Paulo ao longo de 2025, levando espetáculos e oficinas culturais como parte do Edital ProAC 16/2024. A programação completa pode ser acompanhada nas redes sociais da Cia Vagamundo.
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